Autorizadas pelo ministro do STF Nunes Marques, missas e cultos presenciais colocam a saúde da população em risco

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Após resistir em defesa da vida e da ciência, a Prefeitura de Belo Horizonte se viu obrigada a cumprir a desastrosa decisão de Nunes Marques, do STF, que autorizou missas e cultos presenciais nas celebrações de Páscoa.

Com índices elevados de mortalidade e ocupação de leitos de UTI covid, que se mantêm acima de 90%, BH está seguindo as diretrizes e orientações restritivas da Onda Roxa do Minas Consciente, com funcionamento apenas das atividades essenciais e toque de recolher de 20h às 5h.

Mesmo assim, a queda dos indicadores ainda não é expressiva. O Conselho Municipal de Saúde e o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de BH (Sindibel) têm pressionado por medidas ainda mais restritivas na capital para evitar que a tragédia se alastre.

Para além das celebrações de Páscoa, a população não pode ficar à mercê do “negacionismo jurídico” de Kássio e do lobby poderoso de instituições religiosas que reivindicam a reabertura dos templos. São milhares de vidas em jogo!

Imagens de templos lotados que circularam no final de semana mostram que os protocolos mencionados na decisão do ministro, como uso de máscaras e de álcool gel e ocupação de até 25% do espaço, tornam-se praticamente inúteis se não há fiscalização.

Indicado por Bolsonaro ao STF, Nunes Marques contraria as fartas evidências científicas que indicam que missas e cultos presenciais são espaços de altíssimo risco para a contaminação  pela covid-19.

Contradiz também o próprio Tribunal, que já havia decidido, de forma unânime, que estados e municípios têm autonomia para tomar decisões de enfrentamento à covid. A política de morte bolsonarista parece contar, assim, com um representante de peso na mais alta Corte do país.

As próximas semanas vão mostrar as consequências dessa decisão nefasta. O respeito à fé e à liberdade de culto – que podem ser exercidas fora dos templos, inclusive – não pode estar acima do direito à vida e à saúde das pessoas.

Foto: Breno Pataro