Vitória da luta antirracista! CONAR advertiu a Bombril pela propaganda racista de esponja de aço

O CONAR – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária advertiu a Bombril pela propaganda racista de esponja de aço “Krespinha”, que associa a textura áspera do material aos cabelos crespos e reforça estereótipos racistas que permeiam a vida de pessoas negras desde a infância.

Nesta terça-feira, 18, participei junto com o Movimento Nacional dos Direitos Humanos da sessão que analisou o caso. Como representantes dos denunciantes, fizemos a defesa oral pela condenação da marca.

Desculpas não são suficientes para reparar os danos que esse tipo de publicidade impõe para todas nós! Atitudes antirracistas importam e são urgentes, Bombril!

Em junho deste ano, circulou amplamente uma publicidade da esponja, originalmente criada em 1952, cujo nome faz referência direta à textura do cabelo de pessoas negras. Na época, eu, Benedita da Silva, Talíria Petrone, Bira do Pindaré, David Miranda, Orlando Silva e a bancada do PSOL na Câmara protocolamos uma representação ao CONAR, solicitando a interrupção da veiculação de qualquer publicidade do produto, bem como que o Conselho promovesse ações para incentivar o setor de propaganda a realizar campanhas antirracistas e contra todas as formas de discriminação.

Além da representação, consumidores e consumidoras enviaram 1873 queixas para o CONAR denunciando o teor racista do produto, o que certamente impactou na decisão pela suspensão dos anúncios e advertência à empresa.

É inadmissível que a publicidade e a imprensa brasileira sigam reforçando estereótipos e preconceitos que causam enormes danos a mais da metade da nossa população. Nós damos um passo de cada vez e vamos alcançar um patamar de igualdade e respeito às pessoas negras, em que esses episódios sequer tenham a chance de acontecer! Não é sonho, é meta!

Esta é uma vitória da mobilização de diferentes atores para o enfrentamento ao racismo no setor. Esperamos que o caso seja pedagógico e estimule as empresas e o setor da publicidade a abandonar imagens e narrativas que reforcem a reprodução do racismo no Brasil. Nós estamos de olho!